segunda-feira, 17 de agosto de 2009

momento meu.

Não é que eu não goste de rir. Gosto das risadas. Vejo nelas algo medicinal. Mas não rio muito. Acho pouca graça. Não que eu seja amargo ou triste, só não rio de muita coisa. Não acho qualquer coisa engraçada. Gosto de sátiras e sarcasmos se estes estão esbarrando na inteligência. Fora isso não gosto, cai no deboche, que pra mim é burro. Não é que eu não goste de gente. Eu gosto de pessoas, de quando elas estão felizes e de quando se divertem. Eu só me incomodo quando a vida social fica intensa. Eu me perco e demoro a me achar quando minha agenda está cheia de compromissos sociais. Eu sinto falta de me isolar. A solidão é muito necessária no meu universo. Mais do que isso eu preciso sofrer. E preciso participar de vários funerais reservados. Preciso me enterrar e desenterrar várias vezes. Não é papo de fênix, eu não acredito em ressurgir das cinzas, acredito apenas em carregá-las após o incêndio com o propósito de fazer delas algo bom. Eu leio livros, vejo filmes e ouço muita música. Gosto de estudar os meus interesses. Passo a maior parte do tempo pensando em como sou inadequado às coisas. A minha arrogância quer mudar o mundo, a minha preguiça quer apenas reclamar dele. Das virtudes que nos ensinaram, a que eu mais gosto é o respeito e por isso respeito e quero ser respeitado. Uma abordagem respeitosa e interessada ganha minha atenção. Uma curiosa e invasiva provoca defesa. Eu não falo muito sobre mim e quando falo uso metáforas. Sou melhor ouvinte do que narrador. Já foi diferente, mas a necessidade de me expor sumiu. Eu peço desculpas somente se me sentir culpado, do contrário defendo meu ponto. Eu tenho problemas de auto-estima. Já tentei racionalizar as coisas e fiquei um chato. Hoje em dia não cobro, não sou cobrado e gosto apenas de sentimentos. Não tenho paciência para o papo de vencer na vida. Acho a fixação das pessoas pela própria profissão e pela profissão dos outros uma ditadura sem graça. O mundo se tornou tão vazio que pra se ter assunto é preciso contar e saber da profissão dos outros. Eu nem gosto de dinheiro. Se é necessário, lamento. Eu fico tentado a conversar com as pessoas somente aquilo que está na minha cabeça pra ver qual seria a reação. Eu não gosto do verbo ter. Pode até não parecer, mas eu gosto mais do que desgosto. Eu me isolo dentro de mim. Sinto que é o único lugar seguro no mundo.

Um comentário:

Minhas Resenhas disse...

Eu amei.
Tens uma alma linda, e pouco vista!